16.4.07

Furacão, Mar de lama e Céu Azul

No sábado último passado, o céu aqui do Rio estava um "céu de brigadeiro" (expressão usada pelos comandantes dos aviões para designar um dia límpido e sem nuvem, que mostra toda a exuberância do azul), lindo e parecia leve.

Caminhei até a padaria, (adoro caminhadas à padaria, para sentir o cheirinho de pão saído do forno) e depois me dirigi à banca de jornais mais próxima e ali entendi o porquê daquela leveza do céu, naquela manhã. Quem presta atenção nestas coisas, entenderá o que estou dizendo.

As manchetes gritavam:

- Folha: PF prende juízes, delegados e bicheiros

- Estadão: Juízes e bicheiros são presos em ação contra máfia do jogo

- Globo: PF desmonta rede de corrupção com bicheiros, juízes e delegados

- Correio: PF põe 25 figurões atrás das grades

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Li afoita todas as manchetes e as coisas que mais me chamaram a atenção, na passagem do furacão Hurricane (nome dado à operação), foram duas:

1 - A PF do Rio de Janeiro não sabia de nada. Vieram policiais de fora do estado para que a operação fosse concluída, tal grau de comprometimento com o crime e corrupção que estão os homens que deveriam zelar pela segurança do povo do Rio. Ou pelo menos zelar pelo cumprimento da lei. E neste mar de lama, nadando todos juntinhos, estavam os peixinhos, os peixes, os peixões e os grandes cetáceos, gordos, enooormes, cheios de banha. Quanta vergonha pública juntas!!

2 - E também me lembrei das palavras do apóstolo Paulo, "Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram, e a si mesmos se atormentaram com muitas dores." O problema não é o dinheiro, mas sim o amor a ele.

E aqui estamos falando de: R$ 15 milhões (R$ 10 milhões em dinheiro e R$ 5 milhões em cheques); US$ 300 mil; 34 mil euros; 400 libras. Fora a frota de 51 carros, a maioria importados, foram os valores divulgados pela PF, na apreensão, sem contar o saldo das contas bancárias.

Não faço a menor idéia do que representam estes valores, nem quero entendê-los. Só sei que depois de ler as notícias e aplicar algumas lições preciosas ao meu coração, retornei ao meu café matinal, pãozinho com manteiga, cafezinho preto, bem simples, honesto, (café honesto?) juntamente com meu esposo, filhos e meu cachorrinho.

Porque honestidade, um nome sem mancha, simplicidade, não há preço. Mas para todas as outras coisas, há um cartão de crédito aí que promete financiar o que alguém precisar. Porém, mesmo nas coisas financiáveis, eu também tô fora!!

Por isso, o azul no céu do brigadeiro naquela manhã e a leveza no ar. Agora quanto ao céu de Brasília, não sei, porque estão todos presos por lá. Bom, até quando não sabemos, mas será que a vida está deixando de ficar De Ponta Cabeça?

Um semana de muitas conquistas a todos. Força, Brasil!!!!!
Bjs
Christiani Rodrigues

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