Foi na aula passada de Terapia Familiar Sistêmica, e o número dos alunos naquele dia era 12 e eu fui sorteada para servir de exemplo à turma, no Genograma. Geralmente, o Genograma é utilizado pelos psicólogos para auxiliar no tratamento da saúde familiar por ser um gráfico simples e que vai, diretamente, ao xis da questão. Para os experientes no assunto, claro. E o meu, foi.
A professora colocou-me sentada em um banquinho, entre os presentes, à frente de quadro e me perguntou o que mais me incomodava hoje na minha vida. Respondi-lhe que é o fato de me sentir cansada por ter filhos adolescentes, estar morando próximo a tudo e não conseguir desvencilhar-me de tantas tarefas, por achar que não haveria tanta necessidade de mim assim. Porque tenho meus projetos, gosto de escrever, gosto de ter um tempo para executar as minhas coisas e parece que isso está sempre tão distante, deixando-me com uma sensação frustrada.
Através do genograma codificado no quadro-negro, foi descrita a história da minha parentela desde que eu me entendia por gente até chegar aos meus filhos. Também tinha de dizer palavras que me vinham à mente para cada parente.
Ao terminar e ao ver a minha história exposta e traduzida em palavras, não contive a emoção e chorei. A duração do genograma foi de 30 minutos, causando uma enorme sensibilidade à turma. (- Pausa da professora que ensinava que ao menor sinal de emoção, chegava-se ao xis da questão).
Ao meu pai dei o nome de ausência. À minha mãe dei o nome de omissão. E o meu, após unir a ausência com a omissão: uma lutadora e guerreira. Chorei ainda por alguns dias.
Então a porfessora ensinou que, inconscientemente (as famílias agem assim, tal qual nosso corpo, para proteger, em nome da união, por isso o nome Sistema Familiar), e aí descobri que minha avó passou-me um bastão de responsabilidade para mantê-los unidos e, segundo o genograma, este era o verdadeiro motivo de meu cansaço.
Por isso, chorei e chorei porque na hierarquia, teria de vir meus pais primeiro e não eu. Tanta responsabilidade desde menina trouxeram-me perdas e gostaria de ter sido criança e somente filha em certos momentos.
Ao final, tive dever de casa para fazer e assim livrar-me de tanto peso (o que me serviu de terapia), a saber, duas:
- a primeira, rejeitar o bastão, através de um carta, colocando nela toda carga de tamanho peso me causou. Tudo regado de lágrimas, muitas lágrimas;
- a segunda, pedir perdão aos meus irmãos, por ter sido mãe e não irmã como manda o figurino. Eles prontamente me perdoaram e acharam toda a história muito interessante.
E hoje, agora, honestamente, posso dizer, sinto-me leve, fluída, líquida talvez, mas feliz, muito feliz. E o que mais me chamou a atenção foi o fato de minha mãe, que não ficou sabendo de nada, naquela semana, sonhara comigo: No sonho eu morri e ela tinha chorado a minha morte, como se fosse um pedacinho de mãe dela que tinha partido.
Bom, se os sonhos trazem à tona um mundo inconsciente, verdadeiramente, eu deixei de ser a mãe da minha família e tornei-me só filha. E me considero uma sobrevivente que tem vencido. E se eu consegui, eles também vão, tenho certeza.
E esta foi a história que tanto mexeu comigo nestes últimos dias.
Beijos,
Chris
P.S. Pois é, não corrigi o texto, porque não conseguiria terminar de escrevê-lo, e acabo de queimar o arroz por isso...rs...
Bom fim de semana..hehehehe
Visão Técnica - o genograma é a representação gráfica duma família, ajuntando num mesmo esquema, os membros dessa família o mais freqüentemente em 3 gerações, as relações que as unissem, a qualidade da relação e as informações medicais e psicossociais que se ligam.
As informações que podemos encontrar:
Com relação ao indivíduo:
1. os pontos de vulnerabilidade
- as fraquezas
- os traumatismos
- os fracasso
2. Os modos de reações
- a raiva, as frustrações
- os preconceitos
3. As forças
- sensibilidade
- gestão dos mecanismos
- capacidade a resolver um problema
Com relação ao sistema (familiar)
1. A proximidade ou o afastamento das relações
2. O poder e a hierarquia
- dominância - sumição
- flexibilidade - rigidez
- tradição - adaptação
- fantasma familiares
3. A repetição dos esquemas e das atitudes
4. As crenças do sistema familiar
Nenhum comentário:
Postar um comentário