12.3.06

De caso com a poesia

(Ledusha B. A. Spinardi) **

Os que só tragam com filtro.
Os que conduzem a dança.
Os de papo requentado.
Os que espalham o conflito.
Os grosseiros de Foulard.
Os que fazem as cutículas.
Os que têm presas no olhar.
Os prósperos despreparados.
Os que vão lamber o limbo.
Os belos atormentados.
Os previsíveis sem sal.
Os ternos de abraço manso.
Os que usam o saber como arma de poder.
Os que citam sem parar.
Os que gostam de mulheres.
Os que gostam das mulheres.
Os mitos desamparados.
Vampiros por trás de lentes.
Os que só querem mamar.
Os que portam falos bélicos.
Os marinheiros sem mar.
Os que nos devolvem o riso.
Sensíveis sem onde morar.
Os que decifram.
Os que devoram.
Casados infantilizados.
Os que consertam cadeiras.
Os indeléveis carnais.
Os de coração falido.
Raros sexys calados.
Os gananciosos banais.
Marxistas que espancam mulheres.
Os que se desmancham no ar.


** Poeta com acento pop, Ledusha é identificada com os autores da chamada poesia marginal carioca, dos anos 70 e 80. Poemas dela foram musicados por gente do rock como Lobão e Cazuza, do pop mais recente, como Bebel Gilberto e Fernanda Porto, e também por emepebistas do porte de Francis Hime.

Após ler o texto da poeta paulista, de alma carioca, retornei ao meu destino traçado nas estrelas com a poesia. Bjos

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