11.9.07

Comendo pão, pisando em nuvens

Hoje, lembrei-me de uma experiência interessante que tive em minha infância, acho que eu devia ter uns 6 ou 7 anos e que contribui para me tornar uma pessoa de fé.

Pra começar, meus pais nunca me ensinaram ou me apresentaram à religião nenhuma. No início, aprendi sobre Cristo, lendo uma bíblia empoeirada de páginas amarelas e sujas, paralizada ao tempo e ao vento no Salmo 91, que se encontrava perdida num canto de estante, na sala da minha casa.

Lia porque queria. Queria porque me fazia bem. E havia algo interessante, eu sentia que aquelas palavras me revolviam por dentro, me fazendo uma espécie de cócegas, parecia que estavam vivas. Aprendi e senti isso ainda bem menina.

Mas aquele dia em especial, aconteceu algo incomum: eu saboreava um pãozinho quentinho, cheio de manteiga derretida, e algo me chamou atenção, além daquele pão. Reparei que no céu, o azul estava tão azulzinho e havia muitas nuvens branquinhas, fazendo um efeito bicolor bonito e agradável. Que recordação boa!

O pescoço doía enquanto me deixava envolver pelo firmamento branco-azulado e comecei a imaginar Deus. Como Ele deveria ser? Onde ficava? O que fazia? E o que comia? Comia!!! Sim, e pensei:


Magal, em XM


- Puxa, será que Deus sente fome? Ah, ninguém coloca comida pra Deus, e se Ele não comer, vai ficar fraquinho e não vai poder ser Deus. Vou colocar um pãozinho para que venha aqui pegar, quando Ele tiver fome.

Então resolvi dividir o meu pão com Deus: a banda comida era a minha; a outra, intacta, reservei-a para Ele. (Honestamente, não me lembro quem ficou com metade inteira).

Não havia ninguém por perto, fui à cozinha, peguei uma cadeira e com muito esforço consegui colocar o pedaço de pão no muro e disse: - É pra quando você sentir fome, tá bom, Deus? E fui brincar.

O dia transcorreu normalmente, brinquei, saltitei e brinquei, mas sempre que passava pelo local, procurava pelo pedaço de pão que ainda estava por lá. A noite chegou e fui dormir.

Na manhã seguinte, pulei da cama e correndo fui ao quintal, à procura da bandinha do pão no muro. Estava curiosíssima, será que Deus passou por lá e aceitou o meu pedaço de pão? E para minha certeza, o pão não estava mais lá e concluí que Deus havia aceitado a minha oferta.

Hoje, como a mulher adulta que sou, entendo que aquele pãozinho pode ter sido comido por um passáro ou até mesmo por um gato, mas aquela experiência ainda ecoa em mim, e me trouxe uma fé fundamentada, não fingida, que não se abala, que não se deixa influenciar.

Hoje, entendo que não somos nós que "aceitamos" a Deus, como ouvimos largamente os jargões por aí, (quem ousa ser o homem com tamanha arrogância? ) porém Ele sim é que nos aceita e recebe como filhos. É assim que sinto.

Que a minha vida continue a ser recebida como uma oferta suave, autêntica e aprazível. É o meu desejo.

Christiani Rodrigues




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